Música | Baixe de graça 'Cachalote', primeiro disco do músico paraibano Augusto Carvalho


O músico paraibano Augusto Carvalho acaba de disponibilizar na internet o disco 'Cachalote'. Nascido em João Pessoa, foi em Campina Grande que ele cresceu e se identificou como artista. Seu primeiro trabalho, que conta com seis músicas autorais, pode ser baixado de graça no site oficial: www.augusto.mus.br


Nós conversamos com Augusto, que contou vários detalhes da produção do disco. Confira:

Grande Campina - Em que momento você decidiu que estava na hora de lançar seu primeiro disco?

Augusto Carvalho - Na verdade, acho que não houve um momento de decisão, de claridade. Lançar um disco professional dessa forma me passou pela cabeça tem uns 2 anos. Eu estava apenas juntando as pontas do quebra-cabeça pra tentar a forma mais rápida pra que isso pudesse acontecer. Foi daí que decidi ir cursar Engenharia Acústica na Universidade de Salford, na Inglaterra, e, tendo acesso aos estúdios de lá, pude iniciar o trabalho. Dei muita sorte, reconheço, porque foi tudo muito certo, muito da forma que tinha que ser.

GC - Como foi o processo de criação de 'Cachalote'? Que músicos e parceiros lhe ajudaram a tornar este trabalho possível?

AC - O processo foi bem longo, na verdade. Se for pra contar a partir da primeira música que faz parte do disco que eu compus, “Coração de Lata”, o processo pode ser considerado como tendo iniciado em 2010. De lá até 2012, quando morei nos Estados Unidos por um tempo, foi que o disco foi tomando forma. Comecei a escrever várias músicas e fui filtrando até chegar nas 6 que escolhemos pra lançar. Os grandes parceiros desse trabalho foram o José Adilson Sousa Júnior (o Amazing Zé) e o Lucas Pitangueira. A lista de quem me ajudou é muito grande, e eu gostaria muito de falar sobre o que cada pessoa em particular fez, mas teríamos de ter uma entrevista só pra isso e ninguém gostaria de ler (risos). Outro grande parceiro foi o Pedro Lira. Ele me ajudou na finalização de “Maré” e foi quem primeiro teve a ideia da progressão de acordes de “Pra acalmar o coração”, isso tudo quando eu nem tinha intenção de lançar disco algum. Sem a genialidade dele, essas músicas não existiriam, ou pelo menos não existiriam como conhecemos hoje. Posso citar várias outras pessoas, como já disse, mas a entrevista ficaria muito longa!

GC - Cada uma das seis faixas apresenta uma abordagem diferente de sentimentos e do cotidiano. Quais foram suas inspirações para compor essas músicas?

AC - Para a primeira faixa, “Recife”, tive como inspiração, claro, a cidade homônima. Tenho boas histórias em Recife e sempre é muito bom dar uma passadinha por lá. Adoro o vento batendo contra as árvores e o cheiro do jambo na calçada. A segunda faixa, “Simplicidade”, escrevi com base em um vídeo que a Mariana Sales, dona da página Marionete, me enviou quando nos conhecemos. O vídeo mostra ela andando ao meio-fio da calçada, de costas para a câmera, e, de repente, ela se vira e dá um sorriso. Achei muito simples e bonito, daí decidi escrever algo sobre. “Música de Frio” foi uma canção que fiz em meados de junho de 2010. Era uma noite da semana de São João, festa muito popular no Nordeste e, especialmente, em Campina Grande, que possui 30 dias de comemoração (sim, trinta). Geralmente chove muito nessa época e o clima na cidade fica meio frio, daí o título. Eu costumava, na mesma época, escrever contos e, durante os escritos, criei uma estória de um casal que gosto muito. A música é sobre a história deles. Eu imaginava a história de um casal ideal, e eles representam muito bem isso. Alguns textos deles ainda se encontram na internet. Sobre “Coração de Lata” , bem, eu sempre fui envolvido em projetos sociais. Aos 18 anos, quando estudava a Linguagem do Palhaço, fundei uma ONG para ajudar no tratamento de crianças em hospitais e em comunidades carentes. Decidi, então, que, independentemente de qual fosse meu trabalho, eu iria desempenhar um papel social (e eu acho que todos deveriam fazer). A arte, como um todo, é um veículo que tem muito poder de influência. Fiz essa canção (e outras que estarão nos trabalhos futuros) para meio que fazer com que as pessoas pensem mais um pouco na forma como vivemos, como olhamos para o próximo. “Pra acalmar o coração” é uma música claramente de amor. Compus a letra em uma época meio perturbada da minha vida amorosa (risos), e contei com a ajuda do Pedro Lira nela. Na verdade, ele chegou com um samba e eu achei interessante a progressão de acordes. Tinha a letra em casa e fui tentar juntar as duas coisas, alterando os tempos e acrescentando e removendo algumas coisas. Em “Maré” também contei com a ajuda do Pedro Lira, pedindo opinião sobre esse ou aquele acorde. A letra escrevi como um mantra pra ler sempre que houvesse algo me perturbando. Juntei letra e melodia e saiu essa coisa bonita.

GC - Dentro do cenário da música atual, você pode citar algumas referências mais fortes no seu trabalho?

AC - Do cenário atual, acho que o que mais se aproxima do meu trabalho é o Marcelo Camelo, apesar de eu não acompanhar o trabalho dele desde o Los Hermanos. Meus amigos dizem que eu tive de pedir permissão a ele pra gravar o disco (risos). O Marcelo Frota, o Momo, também influenciou bastante meu trabalho. Ele possui um disco lindo, lindo, chamado “Serenade of a Sailor”, que resume basicamente tudo que eu sempre quis escrever sobre o mar. O cara é fera! Peguei umas coisas do Caymmi emprestadas, de um disco que o pessoal do Quarteto Primo fez, em tributo a ele. Nesse caso, tentei trabalhar melhor as vozes do disco após ouvi-los. Acho que ficou legal.

GC - Como você pretende apresentar o disco em Campina Grande?

AC - Para essa primeira leva de shows eu decidi fazer uma apresentação mais intimista. Assim, apesar de o disco ser bem completo, em termos de instrumentos, apenas eu estarei no palco para recepcionar o público. Em Campina Grande o primeiro show será no dia 14/12, às 18h30, no Mini-Teatro Paulo Pontes, que fica dentro do Teatro Municipal. O repertório contém as músicas do Cachalote, dos vídeos do meu canal no Youtube e algumas inéditas e de outros artistas que gosto muito, mas isso fica como sendo surpresa.

Foto: Rafael Braga de Souza / Divulgação
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