As tradicionais incelências, canções fúnebres executadas como formar de conduzir a alma do falecido em direção ao céu, ganham novos significados e são mescladas às batidas eletrônicas através do projeto Cantando Para o Eterno. Essa atividade inusitada foi dirigida por Elisandra Romeria, a artista Sandra Belê, e integra a conclusão de curso da graduação em Arte e Mídia da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).
O resultado da ação pode ser conferido no próximo dia 18 de setembro, às 20h, no Mini-Teatro Paulo Pontes, anexo ao Teatro Municipal Severino Cabral. O público ouvirá algumas dessas canções que receberam novos arranjos pautados em base eletrônica, com destaque para a participação do músico Gregg Mervine.
Sandra realizou um trabalho de pesquisa e registro das incelências junto à moradores da comunidade do Injeitado, em São João do Tigre, região do Cariri paraibano, localizada a aproximadamente 250 km de Campina Grande. "Fazer um trabalho voltado aos cantos fúnebres chamados 'inselênças' sempre foi um objetivo pessoal meu, e diante de tal desejo, já havia pesquisado certa vez algumas localidades do Cariri Paraibano em busca dessas canções", explica.
Retomada cultural
Também chamadas de Cantigas de Guarda ou Cantigas de Sentinela, as incelências são pequenos cânticos executados em cerimônias fúnebres, sendo uma forma de expressão musical típica da região Nordeste do Brasil. Atualmente, esses cantos vêm deixando de existir no cotidiano popular, contudo, algumas pessoas guardam esses registros musicais na memória, por terem aprendido pela passagem desses cânticos de geração a geração.
O projeto liderado por Sandra Belê tem orientação do professor João de Lima Neto. A equipe conta ainda com Raphael Rio e Romério Zeferino na assistência de direção, Carlos Mosca na direção de arte e Duílio Cunha na assessoria cênica.
Fotos: Assessoria de Imprensa