Um trabalho musical que levou três anos para ser concluído, conta com a participação especial do cantor carioca Leoni e mescla letras escritas há pelo menos seis anos com 'desabafos' que se encaixam com perfeição no contemporâneo. São situações, momentos, pensamentos e emoções distintas mas que não eliminam as identidades musical e de linguagem apresentadas em 'Val Donato e os Cabeças' em Campina Grande.
O grupo sobe ao palco do Teatro Municipal Severino Cabral às 21h do próximo dia 12 de julho leva ao público influências de Cazuza, Nando Reis, Lobão e até mesmo Zé Ramalho. No dia 13 de julho Val Donato se apresenta na capital, João Pessoa, onde também realiza o lançamento do álbum na praça Rio Branco, a partir das 19h.
A cantora Val Donato explica que esse não é um CD temático. "É um álbum que fala de diversos temas e traz variadas pegadas e texturas nas canções. Espero que as pessoas percebam a sinceridade nas composições que trazem uma amostra das minhas idéias e até mesmo ideais", diz.
Nos shows de lançamentos a banda contará com as participações especiais dos músicos Gabriel Caminha, Daniel Pina e Giordano Frag. "A música 'Casos Noturnos', tema do filme Tudo que Deus Criou é uma parceria minha com Giordano Frag, que assina os arranjos e a produção musical do disco, e 'Nem tanto, nem tão pouco' nasceu de uma parceria com Toni Silva (Banda Etnia) e Felipe Alcântara (Os Gonzagas)", explicou Val Donato.
O trabalho visual do álbum é resultado de uma sessão com o fotógrafo Toddy Holland, que atendeu à proposta de realizar uma temática militar na locação e no figurino. "A ideia é passar a mensagem do 'partir pra guerra' já que este é o nosso primeiro CD autoral, é o verdadeiro começo de tudo e enquanto artista, é assim que procuro me posicionar diante do desafio que é construir uma carreira musical", revela.
Uma das faixas que merecem destaque nesse álbum é A Ditadura do Povo. "É uma música que compus há quase um ano. Ela não fala dos protestos, apenas apresenta um quadro social vislumbrado há tempos e que me despertou o desejo de traduzir a inquietação diante deste quadro em música. Fala do silêncio e do temor das pessoas em manifestar suas insatisfações. Com a explosão dos protestos pelo país, concordamos que seria um momento adequado para liberar a audição da música, pois o termo 'ditadura' vinha sendo repetido por diversas vozes", disse.
O lançamento da música através do Youtube gerou críticas. "Alguns mal informados acharam que eu tinha me aproveitado do momento em que o país vive pra fazer uma música e consequentemente uma autopromoção, fato que ainda que fosse verdade não haveria nada de errado. Acredito que esta é uma das funções do artista: denunciar, criticar, opinar, expôr ideias . Ora, de que me serve um artista que não apresenta as suas verdades? Concordar ou não com ele já é outra conversa. Acho que artistas devem ser formadores de opiniões e a partir daí, logicamente, aparecerão os que concordam e os que discordam", disse.
Para Val Donato, as músicas desse álbum levam à reflexões diversas. "Se todo mundo discordar das minhas ideias já terá valido a pena, pois terei atingido as pessoas de alguma forma. Espero de verdade que todo amor, toda sinceridade e nudez apresentadas no disco sejam digeridas e arrotadas por muito tempo pelas pessoas que ouvirem", disse.
Ouça a música 'A Ditadura do Povo':
Faixas
As composições inéditas "Jornal de Ontem", "Bem Melhor"e "Nem tanto, nem tão pouco" são algumas das novidades apresentadas pela banda. Além disso, o público irá conferir no show a recém lançada "A Ditadura do Povo" e as versões finais de "Pra que você goste" e "Café Amargo". As conhecidas "Para mim, você" e "Faca amolada" não ficarão de fora do repertório, assim como "Cargas", que contou com a participação do cantor Leoni durante a gravação.
Fotos: Toddy Holland / Texto: Ligia Coeli