Dando sequência à política de resgate de pessoas que contribuíram para o desenvolvimento cultural da Paraíba, a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) adquiriu, através de um termo de cessão de guarda, parte do acervo bibliográfico e cinematográfico do cineasta Machado Bittencourt, um dos precursores do cinema em Campina Grande.
O acervo pertence à família do cineasta e foi doado para a UEPB por sua viúva, Célia Bittencourt. A Universidade, conforme explicou o jornalista e pesquisador Hipólito Lucena se encarregou de fazer o processo de higienização de todo o material, já que parte da obra está desgastada pelo tempo. Futuramente, a pretensão é adquirir de vez todo o acervo. Trata-se do registro da memória da Paraíba e do próprio Nordeste, construída por um dos gênios do século passado.
O material é composto por relíquias como fotos, filmes dirigidos por Bittencourt e rodados em películas, um antigo projetor, livros, revistas e maquinários que fizeram parte da produtora de cinema do cineasta. O sonho de Bittencourt, a sua visão de mundo e o amor pelas coisas do Nordeste estão materializados no acervo. “Boa parte das obras fala do Nordeste. É um acervo muito rico”, observou Hipólito.
Atualmente, o acervo se encontra guardado em uma das salas do antigo prédio da Faculdade de Administração, onde está sendo feita a seleção e catalogação dos livros e revistas. A pretensão da UEPB é digitalizar todos os filmes. Ou seja, transferir o material filmado em película para DVD para que, desta forma, o material se transforme em fonte de pesquisa para estudantes de cinema e admiradores da sétima arte.
A memória do jornalista e cineasta está bem viva na UEPB. A Instituição, através do Departamento de Comunicação (DECOM), criou o Cine Clube Machado Bittencourt, idealizado pelo professor Rômulo Azevedo, e o Núcleo de Mídia de Comunicação, que também leva o nome do cineasta.
Sobre Machado Bittencourt
Juremi Machado Bittencourt nasceu no dia 3 de setembro de 1942, na pequena e desconhecida cidade de Pirancuruca, no estado do Piauí. Em 1960, com apenas 18 anos, com uma ideia na cabeça e uma câmera na mão, ele veio a residir em Campina Grande. Bittencourt produziu cerca de 200 filmes, entre documentários, ficções, reportagens cinematográficas, comerciais e propagandas políticas. A maioria dos filmes era realizada com intensa improvisação, muitas vezes sem roteiros.
Em sua vida, ele teve forte vínculo com Campina Grande. Machado Bittencourt produziu duas ficções longas metragens na Rainha da Borborema, sendo que a primeira foi Maria Coragem, em 1978, e a segunda O Caso de Carlota, em 1982.
A UEPB também fez parte da história de Machado. Depois de viajar por todo o Brasil e voltar a Campina Grande para filmar “A Feira no ano”, em parceria com Luiz Barroso, ele iniciou o curso de Jornalismo na antiga URNE, primeiramente como aluno, depois como professor. Posteriormente, percebeu a necessidade de se trabalhar mais profissionalmente no ramo do qual escolhera viver, o mundo do jornalismo, da propaganda, da fotografia e do cinema.
Nesse sentido, fundou, em 1974, a Cinética Filmes Ltda. Empresa que funcionou em Campina Grande até 1985 e um dos raros estúdios cinematográficos de bitola 16 mm que funcionou no país.
Fonte: Assessoria UEPB
(Atualizado em 14 de maio de 2013)