Literatura | Memorial Augusto dos Anjos promove evento em homenagem aos 100 anos do livro ‘Eu’


O clássico ‘Eu’, único livro do aclamado poeta paraibano Augusto dos Anjos, foi lançado em junho de 1912. Para comemorar e homenagear o centenário da obra, acontecerá nesta quinta-feira, dia 12 de julho, um evento especial no Memorial Augusto dos Anjos, na cidade de Sapé-PB. Segundo Aderaldo Elias, diretor do Memorial, o momento será perfeito para reunir os admiradores deste livro cada vez mais surpreendente e desafiador.

A homenagem aos 100 anos do ‘Eu’ é uma promoção da Cultura Inglesa de Campina Grande. “Celebrando o centenário deste livro genial, estaremos também reconhecendo a importância de Augusto dos Anjos na nossa literatura”, comenta Miguel Júnior, gerente de marketing da instituição.

Adília Uchoa foi convidada para marcar a homenagem com um pocket show exclusivo. A cantora promete um repertório especial, com canções fortes e muita emoção. O evento está marcado para começar às 19h e com certeza será bem prestigiado por pessoas de Campina Grande e de várias outras cidades da Paraíba.


Aderaldo Elias, diretor do Memorial Augusto dos Anjos, e Miguel Júnior, gerente de marketing da Cultura Inglesa de Campina Grande, estão à frente do evento

A cantora Adília Uchoa se apresentará durante o evento


Sobre Augusto dos Anjos
Morte dos sonhos, solidão e pessimismo são algumas das marcas da poesia de Augusto dos Anjos que - mesmo beirando o mau gosto muitas vezes - é um dos poetas mais originais da literatura brasileira.

Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos nasceu no engenho Pau d'Arco, Paraíba. De uma família de donos de engenhos, assistiu à decadência da antiga estrutura latifundiária, substituída pelas grandes usinas. Seu pai, bacharel, foi quem lhe ensinou as primeiras letras. Quando estava no curso secundário, Augusto começou a mostrar uma saúde delicada e um sistema nervoso abalado.

Em 1903, iniciou os estudos na Faculdade de Direito do Recife onde teve contato com o trabalho "A Poesia Científica", do professor Martins Junior. Formado em 1907, preferiu não advogar e ensinar português. Casou-se, em 4 de julho de 1910, com Ester Fialho.

No mesmo ano, em conseqüência de desentendimento com o governador, foi afastado do cargo de professor do Liceu Paraibano, onde havia estudado. Resolveu então se mudar para o Rio de Janeiro, onde exerceu durante algum tempo o magistério. Lecionou geografia na Escola Normal, depois Instituto de Educação, e no Ginásio Nacional, depois Colégio Pedro II, sem conseguir ser efetivado como professor. Em 1911, morreu prematuramente seu primeiro filho.

Em fins de 1913 transferiu-se para Leopoldina, MG, por ter sido nomeado para o cargo de diretor de um grupo escolar. Morreu nessa cidade, vitimado pela pneumonia, com pouco mais de trinta anos. Ainda jovem, os sofrimentos físicos tinham-lhe dado um aspecto senil.

Quase toda a sua obra poética está no seu único livro "Eu", publicado em 1912. Apesar de praticamente ignorado a princípio, pelo público e pela crítica, a partir de 1919 o livro foi constantemente reeditado como "Eu e outros poemas".

Escrito em um momento de transição, pouco antes da virada modernista de 22, sua obra representa o sincretismo entre o parnasianismo e o simbolismo. No livro, Augusto dos Anjos faz da obsessão com o próprio "eu", o centro do seu pensamento. O egoísmo e angústia estão presentes ("Ai! Um urubu pousou na minha sorte"); assim como o ceticismo em relação ao amor ("Não sou capaz de amar mulher alguma, / Nem há mulher talvez capaz de amar-me").

O poeta aspira à morte e à anulação de sua pessoa, reduzindo a vida a combinações de elementos químicos, físicos e biológicos ("Eu, filho do carbono e do amoníaco,"). Tal materialismo o tornava amargo e pessimista ("Tome, doutor, essa tesoura e corte/ Minha singularíssima pessoa"). Contrapõe-se a inapetência para o prazer e um desejo de conhecer outros mundos, onde a força dos instintos não cerceie os vôos da alma ("Quero, arrancado das prisões carnais,/ Viver na luz dos astros imortais").

Fonte: UOL Educação.
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