Renomado artista plástico Zéllo Visconti apresenta exposição inédita em Campina no mês de abril


O carioca Zéllo Visconti conta mais de 40 anos de uma carreira de sucesso no mundo das artes plásticas. Seus trabalhos, produzidos a partir da técnica de colagem sobre tela, já foram expostos em mais de 100 exposições individuais no Brasil e em vários outros países. Morando em João Pessoa, Zéllo finaliza os últimos detalhes para apresentar uma nova exposição, que estará em cartaz em Campina, no mês de abril, na Cultura Inglesa Gallery, localizada na escola de idiomas Cultura Inglesa. Nós conversamos com o artista para conhecer um pouco mais de seu trabalho e saber o que podemos esperar desta nova exposição.

Trajetória artística
Zéllo teve o primeiro contato direto com a arte no finalzinho dos anos 60, quando frequentava o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Pouco tempo depois, em 1971, já tinha trabalhos inscritos no Salão de Belas Artes. Foi nesse ponto que José Luís ganhou o apelido de Zéllo, presenteado pela cantora (e grande amiga) Marlene, que na época era uma voz de ouro da Rádio Nacional. Ainda na década de 70, o artista cumpriu uma proveitosa temporada na Europa. De volta, adotou Brasília como lar. “Foi lá onde me exercitei como artista e ganhei confiança no meu trabalho”.

O carioca morou quase quarenta anos em Brasília até escolher sua terceira casa: João Pessoa. “A primeira vez que pisei na capital paraibana me encantei. Voltei três meses depois, já procurando um lugar para morar”. Zéllo explica que as mudanças geográficas, culturalmente falando, o ajudam na sua visão artística do Brasil. “Mas nada foi programado, tudo foi muito intuitivo e inusitado. Eu acho que é esta a minha inquietação”.

E é esta nova experiência na Paraíba que inspira Zéllo Visconti na produção de sua nova exposição, que já ganhou título: ‘Página 3: Ilustrações’. O artista promete apresentar telas que reforcem seu estilo inconfundível e, ao mesmo tempo, expressem esta nova fase.

Detalhes de algumas das telas que compõem a exposição ‘Página 3: Ilustrações’

A arte de colar ideias
A principal técnica usada por Zéllo Visconti é a de colagem sobre tela - que, segundo ele, é muito apreciada no exterior. “O meu trabalho não é colagem, eu apenas uso a técnica da colagem”, ressalta. Entre os materiais, encontramos tecido e papel reciclado, mas o grande destaque fica para os guardanapos. “Se eu pego uma coisa diferente aqui e ali, quero ver todas as possibilidades de utilizar isso nas minhas telas. Acabei descobrindo no guardanapo a minha maior matéria prima”. Zéllo lembra que seu primeiro trabalho com essa técnica se chamava ‘Sicolacolou’. Com o passar dos anos ele aprimorou e compartilhou o conhecimento na área com várias oficinas ministradas em diversos lugares do país. “O aprendizado é contínuo, vou catando materiais para chegar à minha arte”.

Os temas que o inspiram
Um dos ícones favoritos de Zéllo Visconti é Carmen Miranda. A cantora e atriz luso-brasileira ilustra várias telas assinadas pelo artista, inclusive ‘A dona dos balangandãs’, uma de suas obras mais conhecidas. “O tabuleiro de Carmem Miranda está presente em tudo o que eu faço”. As frutas e as cores ricas do Brasil são detalhes que podem ser apreciados no trabalho de Zéllo. Entre os temas que o inspiram, podemos citar o carnaval, os índios, futebol e moda. No final, isso tudo se resume em brasilidade. Merece destaque também o humor presente em sua arte. “É uma espécie de deboche, e isso vem desde criança. Hoje quero criar telas alegres, vivas, com tropicalismo e um visual pop”.

A tela ‘A dona dos balangandãs’ é uma homenagem à cantora Carmen Miranda

Depois de várias exposições ao redor do mundo, durante 40 anos de carreira, a mistura de paixão pelo país com orgulho de ser brasileiro é ainda mais forte. “Minha proposta pode ser política, mas eu não sou político. Tem muito humor no meu trabalho, muitas cores, a minha meta é o Brasil, é o verde e amarelo. Nunca procurei fugir disso. Mesmo tratando de assuntos sérios, tem muita alegoria no meu trabalho”.

Zéllo confessar que tem liberdade para não se envolver com a parte financeira da arte. Para ele, o que importa mesmo é o feedback do público. “Eu gosto de ouvir os comentários das pessoas durante as exposições”. O artista plástico ressalta que o retorno que recebeu ao longo desses vários anos nos países por onde passou foi muito interessante e proveitoso. Com experiência vasta e sem medo de se reinventar, Zéllo conta um dos segredos do seu trabalho: “Eu recomeço com bagagem. Nunca recomeço do zero”.

Texto: Ed Félix
Fotos: Acervo particular/Zéllo Visconti
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