Mães ‘órfãs’ de Campina Grande se unem e buscam força para suportar perdas irreparáveis


A vulnerabilidade diante da violência fez com que um grupo de mulheres campinenses se reunisse para desenvolver ações de solidariedade, através do Grupo de Apoio às Mães Órfãs (AMO), formado por 28 mães que perderam os filhos em situações trágicas. O trabalho dessa instituição, que funciona desde fevereiro desse ano e sobrevive de doações, possui um diferencial: a tentativa de fazer com que os parentes, em específico às mães, se readaptem a rotina depois de uma perda traumática.

As reuniões funcionam como uma espécie de terapia em grupo. “Quando os entraves jurídicos são resolvidos existe ainda o desafio da readaptação social. As mães se isolam na dor, se fecham no medo, com medo de receber ameaças dos assassinos, por exemplo. Procurar encaminhamento judicial é importante, mas encontrar outras pessoas que passam pelo mesmo trauma, que fale a mesma linguagem, que entenda a dor que passamos. Dividir o luto com outras mulheres nos faz mais fortes”, revela a idealizadora do projeto, Valentina Isabel Araújo.

Conversas e encontros para vivenciar o luto de forma coletiva foram os jeitos elaborados para ajudar às mães a suportar o período de adaptação à uma rotina sem o parente. Foi o que aconteceu com a Rosa Amélia Vitorino Guimarães, que no ano de 2004 recebeu a notícia de que o filho, de apenas 19 anos, havia sido esfaqueado e morto quando tentava separar uma briga em uma festa junina. “É uma dor que não se esquece. Muda tudo na vida, nada consegue voltar ao normal”, diz. Os interessados podem entrar em contato com o grupo através do telefone (83) 8869-9480.
Leia mais sobre: × ×